As fotografias sempre foram fator importante no registro dos acontecimentos, servindo inclusive para retratar a história de determinados períodos. Aqui reproduzimos fotos publicadas a partir do primeiro Anais da então Associação dos Criadores de Cavalos Crioulos-ACCC. As fotos integram o arquivo fotográfico da ABCCC iniciado em 1936 por Dirceu Pires Terres, engenheiro agrônomo e gerente inspetor da ACCC. Voltado também para a arte de fotografar, Terres é autor da grande maioria das fotos publicadas nesta página. Elas reproduzem, além de exposições, o trabalho de inspeção nas estâncias.




PRIMEIRA EXPORTAÇÃO DE EQÜINOS CRIOULOS BRASILEIROS PARA O ESTRANGEIRO.
É deveras promissor o patriótico movimento em boa hora desenvolvido pelos "crioulistas" brasileiros, pelo reerguimento e seleção da valente raça Crioula.
Bastas provas já temos tido do valor das criações nacionais, evidenciado pelas exportações de reprodutores para o estrangeiro. Assim já vimos notícias na imprensa, venda de touros Herefords, para a Argentina, e de equinos Árabes, para esse pais e os Estados Unidos.
Temos agora a satisfação em anunciar nestes Anais, a recente exportação feita por associados nossos, de duas éguas crioulas, para a Argentina.
Trata-se das eguas "Bisca Minuano", criação dos Srs. Echenique & Nunes Vieira e "Chará Eskualaria", de propriedades dos Srs. G. Echenique Filho & Irmãos Ltda.
Essas éguas, destinadas ao "pioneiro" argentino da criação de equinos Crioulos, professor Emilio Solanet, embarcaram para Buenos Aires, a bordo do vapor nacional "Mantiqueira", zarpado do porto do Rio Grande, a 23 do corrente mês "Bisca Minuano", R. P. 36, S. B. B. Prov. 421, tostada, nascida em 10 de dezembro de 1935, é a filha de "Pelo de Oro Cardal", S. B. B. Def. 1, e de "Sortija Cardal", S.B.B. Prov. 1, sendo portadora de uma corrente de sangue atualmente extinta no afamado "Haras El Cardal", daí a especial preferência daquele criador por essa égua, que é irmã própria do potrilho "Truco Minuano", S. BB Prov. 132, vendido ao Ministério da Agricultura na "6ª Exposição Nacional de Pecuaria", realizada em São Paulo, em 24 de julho de 1937.

É mais um fruto altamente honroso da patriótica obra que a ACCC iniciou em 1932, visando a justa reabilitação do Cavalo, que foi, no passado, parte insubstituível na demarcação das nossas fronteiras e que é agora, e será no futuro, o único capaz de servir como montada dos nossos soldados, na defesa da Pátria Brasileira .
ANAIS DA ACCC Nº 8 DE JULHO DE 1940.
Aqui publicamos dois artigos e uma poesia publicadas nos Anais da ACCC nº 8 de julho de 1940.O material foi elaborado e encaminhado por colaboradores dos Anais e reproduzem interessantes passagens de uma época e sempre envolvendo a raça Crioula.
Cavalo Crioulo
Cap. Arthur Oscar Loureiro de Souza
Gaúcho bom da querência,
que pita fumo de rolo
e na canha tem consolo
salta em pelo no Bragado
me acompanha neste Brado
"Viva o Cavalo Crioulo."
Viva este pingo sem dono,
largado como índio vago,
que sem pena nem afago,
abandonado no Pampa,
mantêm, na fôrça e na estampa,
a tradição deste Pago!
Foi ele que transportou
no lombo, a gente guerreira
que elevou nossa bandeira
onde quer que houvesse rôlo
Foi o casco do Crioulo
que marcou nossa fronteira!
Andou com Bento Gonçalves
e, até onde a gloria vai,
como um vulto que não cai,
ficou como um promontório
Levou os bravos de Osório
aos campos do Paraguai!
Não só na história guerreira,
a sua glória se expande
onde quer que o valor mande
Escreveu sem diserepaneias
nas coxilhas das estâncias
toda a história do Rio Grande.
Jamais conheceu conforto.
Nascido pela canhada,
dormindo em cama de geada,
pastando solto no mais
pelos banhados baguais,
foi se criando em manada.
Por isso é matungo rijo
Como o sopro do minuano,
No osso tem bom tutano,
Morre seco e não se entrega
Como o mestiço, chô égua,
Que não vale um desengano.
E como, gaúcho amigo,
No pago canto de galo
te convido à exaltá-lo
E aos quatro ventos expô-lo
Viva o cavalo Crioulo
Bagé, agosto de 1939
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